sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Sangue, suor e lágrimas: Copa do Brasil!

Já era hora de falar em futebol. Depois da épica conquista do meu glorioso Clube Atlético Mineiro – Galooooooooooo!!!!! – eis me aqui para dar meus pitacos na Copa do Brasil. Vamos Lá!
Internacional empatou com o Salgueiro e segue na competição. Apesar de ainda não haver harmonia no time colorado que o faça vencer no Campeonato Brasileiro, o time gaúcho passou às quartas-de-final após o empate com o Salgueiro. Que venha a Portela!
Nada disso, para o Inter ainda não é carnaval. Que venha o Furacão, que atropelou o Porco e, na minha opinião, é o time que se consagrará campeão da Copa do Brasil. O Palestra Itália não foi obstáculo ao Atlético Paranaense.
Falando em Palestra Itália!!!
O Cruzeiro ressuscitou um urubu em meio a sua carniça. Com um elenco interessante mas um treinador de time pequeno, o Cruzeiro foi até ao Maracanã com duzentos na zaga, três mil no meio de campo e só um lá na frente. Como os deuses do futebol não agradam de tais oferendas, castigou o time celeste aos 43 minutos do segundo tempo com um gol de Elias, Profeta Elias que vaticinou: AQUI É FLAMENGO!!!!
Falando em termos bíblicos, meu Galo não conseguiu o terceiro milagre (QUE VENHA NO MUNDIAL). Deixou mais uma vez a vaga escapar, na Copa do Brasil, para o Botafogo, time da estrela solitária, ou melhor, dizendo, da meia lua, já que o Vitinho foi embora e apagou a luz.
O Timão enfrentou e passou pelo espetacular Luverdense, time este que havia ganhado a primeira partida com um gol de mão, me fazendo lembrar do também gol de mão de Maradona, na Copa do México, contra a Inglaterra. Agora enfrentará do Grêmio.
O time Gaúcho passou pelos meninos da Vila sem muitos problemas. O Peixe ainda é um time em formação, com talentos promissores, mas não foi suficiente para passar pelo fortíssimo elenco do Grêmio que, depois do Atlético – PR, é o meu segundo palpite ao título.
No planalto central, o gordinho Valter ajudou o Goiás a se classificar às quartas-de-final. O atacante com fome de gol e bolachas, deu assistências que resultaram em gols a favor do time esmeraldino. Já o Fluminense, desclassificado, pensa no projeto 2014, com a ajuda do estrategista Luxemburgo (kkkkkkkk).
Falamos em todos os times e suas situações. Falo agora no Vasco que passou pelo temido Nacional do Amazonas. O jungle team não foi, também, obstáculo, para o explorador vascaíno. Deu Vascão que, logo logo, se despede da Copa do Brasil.
Pelo que se vê dos classificados, promete emoções a Copa do Brasil. De lado deixo, por enquanto, as epopéias a serem desenvolvidas na então competição, para concentrar-me para Marrocos. Bica bicudo!!!!


Jardineiro

O Jardineiro foi se deitar.
Fiquei ainda atento ali na janela observando o Jardim. Ventos sussurravam, ora mais alto ora mais brando. Havia gotejamento, condensação de chuva, também, ora forte ora mais suave.
Logo escureceu, mas nunca tive razão de evitar a noite negra. A observação pela janela para mim era um ofício. Coisas que me acometiam. Claro, até minha mãe chamar ao me avistar sentado na cadeira.

-         Filho, por onde esteve?
-         Mulher, já lhe falei que sempre estou aqui.

Minha mãe sempre insiste nisso, me chamando para o jantar sabendo que estou à janela observando o Jardim. Ela também observa, mas o foco dela sempre sou eu. Coisas de mãe.
Saí, então, da janela, mas meus pensamentos registraram todos os espaços e eventos do Jardim, sendo que, ainda fora da janela, pois é noite, estou presente ao menos em pensamento.
Na mesa do jantar uma refeição que renova as forças de maneira constante. Minha mãe sempre tem esse cuidado. Como um médico cuidando das feridas de um paciente, ela cuida de mim ao colocar a mesa e me ouvir, depois de mais um dia de ofício.

-         Vi o Jardineiro rondando o local onde ficava o pinheiro.
-         Aquele pinheiro está fazendo muita falta para ele, deve ser este o motivo.
-         Sim, mas existe muita coisa no Jardim, conhecida por ele, e ainda muita coisa por conhecer, caso ele estivesse vendo aqui de cima, da janela.
-         Ainda não é hora dele vir aqui. Entenda as razões dele e não admoeste.
-         Não estou admoestando, mas apenas tentando fazer entender.
-         Não há que entender. Havia uma dedicação do Jardineiro àquele pinheiro. E toda dedicação estabelece laços que são difíceis de serem quebrados. Eu também sofreria por sua ausência.
-         Sei disso, mãe. Mas a verdade é que as coisas não se vão. O pinheiro se transforma em outro tipo de vida. Ele não se perde.
-         Mas para o Jardineiro é o pinheiro quem faz sentido. Haver outra espécie de vida para ele não suplantará a dor da perda do pinheiro. – Disse minha mãe e, após me entregou umas sementes, ordenando que eu lançasse lá de minha janela.
-         Sim, mãe, eu lançarei.

Sei sobre dor também. Vejo todos os dias aqui de cima do meu apartamento. Também já vivi e suportei dores. Mas a verdade tudo supera. É isso que deve ser pensado.
Ainda durante o jantar, ouvi o vento batendo forte a minha porta. Sabia de sua presença, mas também não tinha razão de se preocupar com o fenômeno. É próprio da natureza.
Mas esta noite não foi apenas um vento que bateu a porta. Senti uma força superior ao vento trepidar a chancela que separa minha morada e o mundo lá fora. Minha mãe até ficou um pouco surpresa, pois, poucos são aqueles que chegam a bater a porta e pedir entrada. Então, fui até a porta ver o que era.
Quando abri a porta não vi nada, apesar de ter sentido a presença de alguma coisa. Eu sabia o que era. Mas aquele que veio parecia não saber. Encorajei-o a entrar, dizendo:
-Não tenha medo. Pode aparecer. Minha mesa está posta e ali está minha mãe. Esta é minha casa.
Respondeu o visitante:
- Apenas quero ver o Jardineiro.





sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Jardineiro

Não sei o nome desse Jardineiro. O observo há algum tempo. Moro no oitavo andar desde sempre e vejo, lá de cima, o comportamento do Jardineiro.
Ele rotineiramente cuida de plantas e frutas. A área não é muito grande, mas rica em fertilidade e natureza. O esforço do Jardineiro é grande: dá água a vegetação e adubo. Todas elas bem cuidadas.
Existe um arvore grande no meio do Jardim. Tronco forte, já recebeu muitas pancadas, intempéries da natureza. Na arvore existe um fruto lá em cima, no último galho, tão distante que o Jardineiro não consegue ver. Para não dizer que não tem algum contato com o fruto distante, não raramente o Jardineiro grita para ver se o fruto ouve.
Próximo a arvore existe um arbusto ou, para muitos, uma graxa, esse tipo de vegetação que serve, as vezes, de cerca viva. De longe, a graxa parece ser um vegetal que gosta de proteger as outras próximas a ela. É forte também, como a arvore do meio do Jardim. E alegre. O Jardineiro sempre diz isso.
Há umas sete semanas o Jardineiro perdeu sua arvore favorita: era um pinheiro. O pinheiro não era tão alto e não dava frutos, mas impunha pela sua presença, e todos as plantas do Jardim pareciam respeitá-la. Mas o pinheiro era solitário. Distante da arvore e do fruto lá em cima que tinha nesta. A graxa sempre foi distante e quem cuidava do pinheiro era o Jardineiro. Mas como eu disse, observo tudo, lá do oitavo andar, desde sempre. Foi uma chuva torrencial, uma tempestade, que durou quarenta minutos, que arrancou o pinheiro do Jardim. Desde então há um vazio no lugar do pinheiro. O Jardineiro decidiu não plantar nada.
E até abandonou outros vegetais dos quais cuidava há quatro meses. Um pequeno pomar, de novos frutos, dos mais diversos, ele deixou para um amigo, um outro Jardineiro. Este, transformou-se, então, em Jardineiro de Pequenos Pomares. De longe, como eu, o Jardineiro vê seu amigo cuidar do pequeno pomar que por algum tempo cultivou. O terreno era praticamente estéril e revolto. Mas ele semeou. Só não conseguiu colher os frutos. O cansaço tomou conta do Jardineiro. Isso aconteceu lá pelas três e meia da tarde.
Mas o Jardineiro não está sozinho. Ele cuida de uma outra planta há aproximadamente oito meses, quando plantou em seu jardim trazida de outra área vegetal, mais silvestre. Ela é frágil, delicada, e tem que ter muito cuidado ao dar água e adubo. Às vezes o Jardineiro esquece disso, e não cuida tão bem. Mas logo parece recordar do cuidado que deve ter e assim procede. Eu vejo tudo lá do oitavo andar.
A flor delicada fica de frente da arvore grande, e o pinheiro ficava próxima a ela. Para o Jardineiro, em seus pensamentos férteis, parecia que o pinheiro havia adotado a flor delicada, o que fazia o Jardineiro admirar ainda mais o pinheiro.
O Jardineiro não tem muitos amigos. São poucos. Mas o curioso é que todos eles também são Jardineiros. Parece algo misterioso ou uma simples coincidência. Eu sei que não é coincidência. Prefiro o misterioso.
Um dos amigos do Jardineiro é o Jardineiro de Um Pinheiro Só. Ele tinha também um pinheiro. Mas tinha só um pinheiro. Teimoso, não deixou em alguns momentos semear novos frutos. Mas a vida também não deixou que semeasse, pois, o pinheiro que tinha requeria de muitos cuidados. Também em uma chuva, um raio fulminante levou seu pinheiro. O Jardineiro de Um Pinheiro Só ainda cultiva seu jardim. Deita água em seu terreno. Mas não há mais pinheiro. Apenas terra.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Somos Bobos I

Futebol não é apenas um esporte. Transcende a esta situação. Futebol é cultural, como pode dizer os filósofos. Está no nosso dia a dia, nos nossos discursos e argumentos. Tanto isto é verdadeiro que o futebol tem até um vocabulário próprio, com expressões e jargões marcantes.
Quem nunca falou que treino é treino e jogo é jogo numa situação diversa do esporte bretão. Que o jogo só acaba quando o juiz apita, para muitas ocasiões na vida. Que em time que está vencendo não se mexe, para discursos inflamados de motivação. Todos esses, e muitos outros, são conhecidos do nosso cotidiano. Pois bem, o que se encaixa perfeitamente na cultura da Seleção Brasileira é um jargão que ouso usar contrariamente, inovando na linguagem futebolística. Ao invés de dizer que não tem mais bobo no futebol, falo o oposto: somos bobos!
Você já se pegou emocionado ou emocionada ouvindo o tolerável Galvão Bueno dizendo que não tem mais bobo no futebol, quando o Brasil iria enfrentar seleções como da Bolívia, Venezuela, Cazaquistão, Armênia entre outras. A fala de Galvão se adequava ao fato de que por muito tempo nós, ao menos no futebol, éramos espertos. Éramos onze. Pois é. Como o próprio Galvão, que já ouvi tanto nessa vida, nós somos bobos!
Não foi o futebol internacional que melhorou. Somos nós que pioramos. Ganhamos, é verdade, da La Roja na final da Copa das Confederações em 2013, no Maracanã. Mas a ex-Fúria estava mais preocupada com o fim de temporada de seus jogadores, as praias do nordeste, e outras “coisitas” que faz nosso país ser conhecido lá fora. Ganhamos como antes. E ontem perdemos, espantem-se, como sempre.
Perdemos para a Suíça.
Então os outros não são os outros? Não, leitores, continuam bobos. E nós, numa entropia cruel, nos tornamos bobos também. O gingante dormiu. Não temos craques. Neymar é um bom produto de marketing. Talvez por isso o Barça o comprou. A Espanha vive uma crise econômica, e os dirigentes do Barcelona sabem disso. Não adianta ter um bom produto se não é anunciado. Como o time Catalão já não figura nas finais das grandes competições européias (foi eliminado este ano pelo Bayern de Munique na Champions League), talvez Neymar, e sua variedade capilar, resolva o problema do time de ser mais visto.
Mas Neymar não é craque. Craque era Romário, Ronaldo, Rivaldo, Bebeto. Estes pegavam na bola e resolvia a “parada”. Neymar não pega na bola. Nem vou dizer o que ele anda pegando. Não é meu objetivo. Afinal, eu não quero ser bobo.
O fato é que vivemos do passado. Podemos até conquistar a Copa do Mundo, mas não vai ter brilhantismo. O Parreira pode falar que existe hierarquia no futebol, como forma de incentivar o grupo. Mas o futebol não é militarismo. Futebol é arte, coisa que esquecemos há algum tempo.
Assim, não deixem que fale para você quando a Seleção Brasileira enfrentar o Ubezquistão, com todo respeito ao povo deste país, que tal seleção não é mais boba. É boba sim. Assim como nós. E continuaremos a ser transferindo o problema para os outros, acreditando que estes melhoraram. Como numa análise socrática, o pior ignorante é aquele que ignora sua própria burrice. A Seleção Brasileira é isso. Ignora o fato de ser tola no futebol, como as outras. Em teimando esta situação, nada será alterado. Três volantes no meio de campo e três zagueiros. Luiz Gustavo e Jadson convocados. Ronaldinho Gaúcho de fora.
Somos bobos.